Bakongo vs Sulano: Tribalismo? Etnocentrismo? Ocidentalismo? Ou falta de conhecimento endógene?


Bakongo vs Sulano: Tribalismo? Etnocentrismo? Ocidentalismo? Ou falta de conhecimento endógene?

Por: #Leopoldino_Vitumbaca

Fruto de observação de sistemática directa, e de certos posts nas redes sociais que expandem (intrigas, especulações e interpretações débil) em torno de dois grupos étnicos fundamentais  de Angola, o presente texto tem como objectivo compreender a problemática do fenómeno cultural relacionado as reacções de certos indivíduos pertencentes aos  grupos étnicos Bakongo e Ovimbundu. A partir dos diferentes espaços socioculturais e dos conceitos de cultura, etnia e etnocentrismo cultural para uma melhor compreensão.

Angola é um musaico étnico-linguístico, ou seja, no nosso contexto não existe uma nação como tal, existem sim diversas nações que se manifestam de acordo os habitos e costumes com a finalidade de engrandecerem ambos seus aspectos culturais. Porque o conceito de nação construído, está mais ligado na vertente política [Carvalho et all].

Para que venhamos entender o assunto em análise, é fundamental descrever o conceito de cultura "é aquele todo complexo que incluí o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e aptidões adquiridos pelo homem como membro da sociedade" [Taylor,1975:29].

Nesta vertente, a cultura envolve todos os aspectos da vida do indivíduo, e a sua manifestação é observada segundo os seus elementos materiais(vestes, tranças, estátuas..), ou espirituais (mitos, crenças).
Enquanto que a etnia é um agrupamento de pessoas que se identificam umas com as outras, ou são assim identificados por terceiros com base em semelhanças culturais ou biológicas, reais ou presumidas,Paulo de Carvalho [Maria, 2015:30].

Este termo, foi também utilizado pelos europeus para classificarem as sociedades africanas, americanas e a asiáticas. Isto é, sociedades com características específicas, segundo eles(europeus) diferentes e inferiores a eles [idem,2015:31].

Já etnocentrismo Cultural é a supervalorização da sua cultura, em detremente da cultuta de outrem [Lakatos e Marconi,2014:].

Nesta vertente, é normal um determinado grupo étnico-linguístico criar mecanismos de promoção dos seus aspectos nas mais diversas áreas.

Todavia, falando dos grupos existentes em Angola, remete-nos a descreve-los segundo os diferentes espaços sócios-culturais angolano. Censo que, existem diversas classificações, mas, apresentaremos aquele considerada mais próxima da realidade [Victor Kajibanga,apud, Maria 2015].

1° Khoisan ou Hetentone-Buchimane (Mede, Nkung, Bochimane e Kezama);
2° Vátua ou pré -Bantu(Cuissis e Cupes);
3° Bantu( Ovimbundu, Bakongo, Ambundu, Lunda-Kioko, Ngangela, Ovambo, Nyaneka, Nkumbi, Helelo etc.) Redinha e Kajibanga [pud,Maria,2015:].


BAKONGO VZ SULANO

Quem é o Bacongo?

Bacongo é conjunto de indivíduos que  formam o grupo étnico linguístico Bakongo, e geralmente são mais frequentes nas províncias do Uíge, de Cabinda, do Zaire e uma parte do Kwanza-Norte, concentra-se a maior parte dos Bakongo. A sua língua, Kikongo, era o idioma do antigo Reino do Kongo e tem diversas línguas secundárias.
Portanto é errado um indivíduo deste grupo afirmar-se que "SOU BACONGO" diz-se "SOU MUKONGO".

Quem é o Sulano?

Não existe um grupo étnico denominado de sulano, apenas existe um grupo étnico denominado de Ovimbundu, aqui sim. A terminologia sulano, surge de forma pejorativa para identificar os indivíduos pertencentes a região centro e sul do país.

Ovimbundu são o principal grupo sociocultural de Angola, que se concentra no centro-sul do país, ou seja, no Planalto Central e algumas áreas adjacentes, especialmente na faixa litoral a Oeste do Planalto Central, uma região que compreende as províncias do Huambo, Bié e Benguela.

Os Ovimbundu constituem hoje um pouco mais da terça parte da população, e a sua língua, o Umbundu, é por conseguinte a segunda língua mais falada em Angola (a seguir ao português) com 5,9 milhões de falantes (37 % da população), segundo o censo da população angolana realizado [INEA,2014].

Por causa do conlfito armado em Angolana, muitos Ovimbundu fugiram das zonas rurais para as grandes cidades, não apenas para Benguela e Lobito, mas também para Luanda e até para cidades geograficamente periféricas como Lubango, transportando assim para regiões onde não eram faladas.

Diz se que" Eu sou ovimbundu, que é o nome atribuído ao indivíduo pertecente ao grupo étnico Ovimbundu, tendo como língua nacional mãe umbundu. #E_nunca_eu_sou_sulano.

Portanto, é normal do ponto de vista do Etnocentrismo Cultural, cada grupo étnico  os seus membros manifestarem-se de formas diversas, para engrandecer a sua cultura, desde que não aja juízo de valor abismal. Por isso, é legítimo que, tanto o mucongo como o ovimbundu podem cantar, descrever, declamar, divulgar ou partilhar os aspetos ligados à sua tradição.
O que não se admite é a utilização de termos pejorativos, que desrespeitam os aspectos sociocultural de outrem. Porque cada nação possuí as suas qualificações (música, ritual, leis, hábitos, costumes, crenças, normas, valores etc), e devem ser promoviddas e respeitadas pelos seus membros de forma particular, e os diferentes povos de forma geral.

Não devemos abraçar a herança dos europeus tais como ignorância, desrespeito, tribalismo, e outras práticas ruins implementadas nas sociedades africanas na era colonial, com o objectivo de nos dominarem, lembrem-se que, podemos ser felizes abraçando o relativismo cultural, até porque no passado já utilizávamos e éramos fortes e temidos.

O que nos enfraquece tem sido o nosso orgulho em olhar o sofrimento dos nossos irmãos e nos alegrarmos com o mesmo. Enaltecemos tanto algumas as promessas e teorias europeias ridículas, que não vão de acordo ao nosso contexto. E essa brindeira ridícula (bakongo vs sulano) não nos ajuda em nada.

Os nossos problemas só terminarão quando ganharmos a consciência de que " #Somos_os_donos_dos_nossos_destinos_e_devemos_sempre_olhar_pelos_feitos_dos_nossos_ancestrais. mukongo, Ovimbundu, Ambundu, kioko etc, somos todos Bantu, e a nossa luta deve ser a mesma (o bem-estar das nossas sociedades).

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